terça-feira, 29 de março de 2011

Não sei escrever sobre nós :S

«I don't believe that anybody feels the way I do about you now (...) There are many things that I'd like to say to you but I don't know how, because maybe you're gonna be the one that saves me, and after all, you're my wonderwall »

Não sei escrever sobre nós, desculpa mas não consigo. As palavras que procuro ainda não foram inventadas.
Talvez me tenha habituado a não as usar. Tu sabes sempre como me sinto, sabes sempre o que eu estou a pensar. Adivinhas quando tens de me agarrar para eu não cair e nunca deixas que o meu sorriso se afaste por muito tempo. Arrisco-me a dizer que, provavelmente, és das pessoas que me conhece melhor. Decifras o timbre da minha voz e até me lês nas entrelinhas.
Não sei escrever sobre nós, há demasiados sentimentos. Há demasiado, sabes?
Conheço todos os teus risos, e sei quando finges que não te importas. Não me lembro de te ver chorar, e é engraçado ver como somos diferentes, mas a verdade é que isso não importa.
Não sei escrever sobre nós, a nossa amizade está longe das palavras que procuro encontrar. 
Podemos dizer muito, podemos dizer pouco, até podemos nem dizer nada. Entre nós até o silêncio é confortável. Sei que estás ali e isso basta-me. Não sei como te agradecer por tudo, não sei como te dizer como és importante. Não sei dizer-te o que mais gosto em ti, acho que aprendi a gostar do conjunto, não te consigo dividir-te por partes. Gosto do que me fazes ser, gosto de como me sinto quando estou contigo, gosto do que somos juntos. Não podia ter melhor amigo, sabes disso.

sábado, 26 de março de 2011

Mais que amigas, irmãs :D

Mais do que uma amizade, é uma família, é uma vida.
Há muitos anos que nos conhecemos, já perdi a conta de quantos… estivemos afastadas por razões que nem eu própria sei mas a vida voltou a juntar-nos. Depois, foste para outra escola, cresces-te e mudas-te. Sei que também mudei e isso também influenciou um bocado o nosso afastamento mas são as nossas manhãs, as nossas tardes, as nossas noites, os nossos jantares, os nossos almoços, as nossas memórias, que nos mantêm ligadas como se tivéssemos nascido da mesma barriga, no mesmo dia, porque entre nós existe partilha, confiança, respeito, amizade, carinho, igualdade, tudo isso e muito mais que possamos imaginar.
Estamos ligadas pela amizade existente entre as nossas mães, pelos 30 e tal anos de amizade existente entre elas, mas também pela nossa amizade, que é o mais forte de tudo, é o que eu chamo “laço de sangue”, pois nós somos mais do que amigas, somos irmãs e contigo, só contigo, sei que posso tudo! Posso dizer o que me apetece, posso fazer o que quero, posso ser eu sem ter que me preocupar com o que possam pensar.
Nesta altura da minha vida, existem coisas e pessoas a entrar e a sair e tu, tu não és nenhumas dessas. Tu ficarás para sempre comigo e um dia ainda havemos de ter a nossa casa, juntas, como sempre sonhámos quando éramos aquelas crianças que faziam casas para as Barbies com os livros ou quando brincávamos com os Nenucos e éramos sempre irmãs.
Por todos os momentos que enumerei na mensagem de aniversário que te enviei e por todos os outros que passámos e iremos passar um muito obrigada, daqueles mesmo muito grandes, porque contigo eu cresci, eu vivi, em aprendi, eu errei, eu perdoei, eu brinquei…
Contigo, irmã, sou bastante feliz. Dás-me sempre força para tudo!
Adoro-te e obrigada J




quarta-feira, 9 de março de 2011

Arrumações :)

Hoje o meu quarto levou uma arrumação à séria! Confesso que já tinha saudades de ver o meu quarto arrumadinho :)

Existem coisas boas em fazer arrumações e uma delas é reviver memórias de há bastantes anos... Durante a arrumação encontrei o meu caderno do 2ºano. Apercebi-me que tenho demasiadas saudades do tempo em que tudo era tão fácil, em que o dia se resumia a bolinha verde, amarela ou vermelha e que o objectivo desse dia era ter uma bolinha verde...
Encontrei diários do 5º e 6º anos e ao ler aquelas páginas chorei de tanto rir e chorei com saudades... Saudades de fazer textinhos com os adjectivos que caracterizavam as minhas amigas, saudades de ter a panca da Hello Kitty, saudades de brincar às Barbies com as amigas, saudades de fazer de conta que era médica, empresária, empregada de balcão, etc., saudades de vestir as saias mais pirosas que houvessem na loja e não me importar com o que os outros pensavam... Enfim, são saudades de ser uma criança feliz.
Encontrei, também, um livro da minha autora preferida (Margarida Rebelo Pinto), que estava à procura nas lojas há algum tempo e que pensava que não existia cá em casa.

Cheguei à conclusão que preciso de arrumar muito mais vezes porque, para além de reviver os meus tempos antigos e de reencontrar coisas, ainda deixo o meu quarto muito mais bonito e com um cheirinho fantástico :)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desgostos de Amor



Sempre achei que, tal como o enorme peso que assenta no nosso coração com uma morte, um desgosto de amor cai-nos no centro do coração como um impacto que só uma morte tem. E note-se, não estou a falar de desgostos de amor comuns, onde para ambas as partes é relativamente fácil reencontrar outra pessoa. Estou a referir-me aos Grandes, mesmo muito Grandes, desgostos de amor. Daqueles que, por serem de tal ordem grandes, representam para nós uma morte. E sim, isto é possível. Porque, no limite, há várias partes algures dentro de nós que morrem.

Na minha opinião, um desgosto de amor destes é capaz de nos mudar. De nos tornar, em certa medida, mais frios, mais distantes, mais calculistas. Calculistas no sentido de não termos já grandes ilusões sobre o amor e as outras pessoas. Tornamo-nos mais cuidadosos com as nossas escolhas, tornamo-nos mais criteriosos, mais pragmáticos, mais esforçados e, indiscutivelmente, mais responsáveis.

Saint-Exupéry, n'O Principezinho, escrevia que, quando amamos e cativamos algo ou alguém, tornamo-nos responsáveis por essa pessoa ou pelo que amamos. Mas Saint-Exupéry, apesar de ter escrito sobre o afastamento e a perda, referindo que corremos o risco de chorar e de nos sentirmos tristes e dando-nos como solução as boas memórias - a capacidade humana que todos tempos de guardar os outros, no nosso coração - esqueceu-se de quando os outros nos magoam. E acho que se tivesse escrito sobre isso, seria algo como: da mesma maneira como nos tornamos responsáveis pelos outros que amamos e  cativamos, quando temos um grande desgosto e ficamos irremediavelmente sós, devíamos tornarmo-nos responsáveis por nós mesmos e tomarmos conta de nós. Fecharmos as nossas próprias feridas.

Acho que nem é tanto a perda que sentimos, ou a ausência, que custa mais. Acho que o que custa mais é percebermos que tudo aquilo em que acreditámos se desvaneceu num piscar de olhos e que verdades antes absolutas para nós, passam a ser enormes dúvidas existenciais.

Achamos inevitavelmente que em tempos nos desprendemos de um porto de abrigo e nos deixámos levar ao sabor do vento pelo mundo fora e que toda a coragem e força que isso exigiu de nós, foi, no fundo, em vão.

Achamos inacreditável. Tudo inacreditável. Mas com o tempo percebemos também que é a verdade e que, ou aprendemos a viver com ela ou aprendemos a viver sem ela. Não nos restam mais hipóteses.

Começamos também lentamente a dar muito mais valor a pequenas coisas e vemos a vida de um modo diferente. Coisas como chegarmos a casa e não nos sentirmos vazios, num dia, são um grande progresso. São uma pequena vitória. Coisas como darmos por nós a rirmo-nos à gargalhada são o ponto de arranque que precisamos para voltarmos a ser felizes.

Até ao dia em que reparamos que estamos mais calmos, tranquilos com a vida. E começamos até a pensar nas coisas boas que vieram ter connosco graças ao que passámos. Olhamos para o desgosto com um olhar diferente. Já não vemos só a tragédia. Vemos também várias coisas boas. Permitimo-nos até perceber que se calhar não estávamos assim tão felizes, tão bem e que o futuro que nos aguardava não era assim tão bom.

O melhor de tudo? O melhor de tudo é pensarmos que, com a perda, a vida deu-nos basicamente uma oportunidade para termos alguém melhor, sermos mais felizes e vermos em nós muito mais valor. Melhor ainda do que isto, só a pessoa que nos deu o enorme desgosto se arrepender profundamente e nós não lhe permitirmos voltar. Isso sim, faz-nos sorrir, por vermos o quão fortes e exigentes nos tornámos.

E assim sendo, não há muito mais a fazer do que sorrir. É que não só nos livrámos de um futuro pouco feliz, como ainda temos a certeza de que algo muito melhor, mil vezes melhor, virá.